Grupo da UFMG desenvolve tratamento promissor contra câncer de intestino
Segundo estimativas do governo federal, mais de 45 mil brasileiros serão acometidos pela doença até 2025
Por Helem Lara
29 de Agosto de 2024 às 11:54
Um grupo de pesquisadores do Departamento de Fisiologia e Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveu uma terapia promissora para tratar o câncer colorretal — este é o terceiro mais frequente no Brasil.
Segundo estimativas do governo federal, mais de 45 mil brasileiros serão acometidos pela doença até 2025, o que corresponde a um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes.
Os pesquisadores da UFMG desenvolveram uma plataforma nanotecnológica para tratar a doença, baseada em uma nanopartícula que carrega uma espécie de “receita” para as células do corpo humano atacarem as células tumorais.
“Colocamos, dentro da nanopartícula, um RNA mensageiro que funciona como script com todas as informações que a célula do corpo necessita para produzir uma proteína. No caso do nosso trabalho, essa proteína é do sistema imunológico e tem capacidade de induzir a morte programada das células tumorais. Ou seja, induzimos o organismo a produzir uma proteína que mata as células cancerígenas”, detalha o doutorando Walison Nunes, um dos autores do estudo.
A tecnologia da nanopartícula desenvolvida pelos pesquisadores brasileiros é a mesma utilizada pela Pfizer e pela Moderna para a produção das vacinas contra a Covid-19.
“As células cancerígenas formam uma espécie de ‘microambiente tumoral hostil’, que impede que as terapias e as células imunológicas do organismo consigam combater o tumor de forma efetiva”, diz Walison Nunes.
“Em razão disso, também desenvolvemos uma estratégia de normalização do microambiente tumoral, ou seja, fizemos a reengenharia do microambiente, tornando-o mais acessível para que a nossa nanopartícula entre no seu interior e para que os linfócitos do sistema imunológico alcancem o tumor. Quando o tumor se desenvolve, ele cria vasos sanguíneos anormais, e nossa terapia descomprime esses vasos sanguíneos e reduz o depósito de colágeno, possibilitando que os medicamentos entrem mais facilmente nas células”, completa.
Testes
Agora, estão sendo realizados testes em pequenos animais por meio de modelo humanizado. São transplantadas as células cancerosas e as células saudáveis de humanos para camundongos.
Após o resultados desses testes, os pesquisadores pretende obter financiamento para realizar testes em animais de grande porte e, posteriormente, em pacientes com câncer de intestino.
Tratamento para câncer de intestino
Atualmente, os tumores no intestino são geralmente tratados com quimioterapia e ressecção cirúrgica, quando o paciente precisa, ainda, usar uma bolsa para coletar as fezes (bolsa de colostomia).
Os principais fatores de risco para o câncer de intestino estão associados ao comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool e tabaco e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras.
Também pode estar associado a condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica e histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações.
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