Falta de incentivos freia crescimento dos veículos eletrificados em Minas Gerais

Apesar do crescimento expressivo, Minas Gerais ainda carece de incentivos para consolidar o avanço no mercado de veículos eletrificados. O Estado registrou um aumento de 108% nos emplacamentos de veículos eletrificados até agosto de 2024, totalizando 6.518 unidades, em comparação com 3.135 no mesmo período de 2023, conforme dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Entretanto, essa expansão não reflete um apoio consistente do governo estadual para impulsionar o setor, diferentemente de outras regiões do Brasil.

Enquanto Minas Gerais figura entre os cinco maiores mercados de veículos eletrificados do país, correspondendo a cerca de 7% das vendas nacionais, o Estado perdeu participação no market share em 2024, com uma pequena queda de 6,4% para 6%. O diretor de Leves da ABVE, Thiago Sugahara, enfatiza a ausência de políticas públicas locais que incentivem a eletrificação, o que coloca Minas em desvantagem em relação a estados como Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, onde medidas como isenções de impostos e benefícios adicionais têm estimulado fortemente a adoção de veículos elétricos.

No Distrito Federal, por exemplo, veículos elétricos e híbridos estão isentos de pagar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) por cinco anos, e em São Paulo, além da isenção do rodízio, há reembolso de uma parte do IPVA para esses veículos. Já no Rio de Janeiro, a alíquota do IPVA é reduzida, favorecendo a aquisição de carros mais sustentáveis. Esses incentivos foram cruciais para o crescimento do setor nessas regiões, colocando Minas em uma posição de alerta quanto à necessidade de estímulos similares.

Sugahara aponta que, até o momento, não há negociações avançadas com o governo mineiro para implementar políticas de incentivo ao setor. Entretanto, existem diálogos com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico que podem resultar em futuras ações. O atraso em medidas concretas pode frear o avanço do mercado de veículos eletrificados no Estado.

Modelos preferidos

Até 2022 cerca de dois terços das vendas eram de veículos híbridos, enquanto um terço era híbrido plug-in ou totalmente elétrico. A partir de 2023, o cenário se inverteu com 100% elétricos correspondendo à maior parte dos novos emplacamentos.

Em Minas Gerais, os modelos “Veículo Elétrico a Bateria” (BEV) e “Veículo Elétrico Híbrido” (HEV) registram os maiores crescimentos no último ano com avanços de 621% e 216% respectivamente. Já o maior representante da categoria, os Veículos Híbridos Plugáveis (PHEV) seguem na liderança em número de vendas com avanços de 72%, partindo de 1.220 para 2.093 emplacamentos nos oito primeiros meses de 2024.

Oportunidades

O mercado de veículos eletrificados em Minas Gerais também enfrenta desafios como a falta de infraestrutura para recarga, outro ponto que requer atenção das autoridades.

Com a demanda por pontos de recarga crescendo, especialmente em rodovias, a instalação de carregadores rápidos é vista como uma oportunidade de negócio, mas também como um entrave para o desenvolvimento do setor em Minas Gerais. Com equipamentos cada vez mais acessíveis e disponíveis, a evolução, de acordo com Sugahara, é notada, principalmente nas grandes capitais.

Ele acrescenta que, atualmente, 80% das recargas são feitas em residências ou no local de trabalho, e ressalta que é importante evoluir com a infraestrutura principalmente nas rodovias, onde é importante ter carregadores rápidos que consigam carregar de 10% a 80% em 30 minutos.

Para contornar esse desafio, a ABVE segue articulando com iniciativas e startups locais que desenvolvam e ofereçam a tecnologia de carregadores inteligentes, como Raízen Power, EZVolt, e WeCharge.

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